segunda-feira, 5 de maio de 2008

OLHARES|”Escarpa” - Mandrágora

Uma ansiedade tornada realidade; a realidade da novidade. É hoje editado o novo álbum dos portuenses Mandrágora.
Três anos depois do surpreendente “Mandrágora” (Zounds, 2005), os mesmos Mandrágora mostram finalmente o sucessor desse magnífico primeiro álbum; o novo chama-se “Escarpa”. Não, que fosse imperativo provar o que quer que fosse, no entanto, os Mandrágora fizeram questão de voltar a afirmar porque são um dos projectos mais criativos e originais na área da folk nacional. Os artistas, esses, são Filipa Santos (flautas, saxofone e gaita-de-foles), Ricardo de Noronha (bateria e percussões), Pedro Viana (guitarra clássica), João Serrador (baixo) e Sérgio Calisto (guitarra 12 cordas, violoncelo, nyquelarpa, moraharpa e bouzouki). É de arte que falamos.
Sem nunca esconderem as raízes folk que orientam a sua música - nem faria sentido, em “Escarpa”, os Mandrágora encetam uma estonteante correria ladeira abaixo - íngreme, numa velocidade tal, que leva atrás de si um mundo de paixões; não são só tradicionais, tem paixões rock pelo meio - bateria e baixo ajudam , tem uma paixão jazz a olhar de soslaio - com um saxofone em devaneio, tem toda uma nova forma de transformar o presente, mostrando-nos como o futuro pode ser feito de uma luz ainda mais forte que a do presente. É isto que os Mandrágora fazem com grande arrojo, numa reinvenção constante, num deambular experimentalista pelo que o folk permite, experimentar. “Escarpa” permite-nos ser surpreendido a cada faixa.
“Escarpa” é uma explosão; deflagração impulsionada por uma riqueza instrumental única, absorvida por arranjos diferentes, complexos, bem sucedidos na combinação instrumental que é todo o desenho sonoro do grupo. Ao baixo e à bateria, junte-se ainda o trabalho central da guitarra, a magia da gaita-de-foles e das flautas, a diferença do violoncelo, da moraharpa e da nyquelarpa; junte-se ainda o acordeão diatónico de Simone Bottasso, a sanfona de Matteo Dorigo e as vozes de Francisco Silva - também na guitarra - e de Helena Madeira. “Escarpa” é de uma excelência instrumental.
Composto na sua totalidade por temas originais dos Mandrágora - excepto o tradicional da Beira Baixa “O Que Calma Vai Caindo”, “Escarpa” é verdadeiramente luminoso no seu todo, na forma como a produção conseguiu dar à luz tamanha originalidade. É ténue o cruzamento da folk com algumas outras ideias, como o já referido rock, tão ténue que a torna única. Sobre o primeiro disco do grupo, disse-se por aqui em tempos que este era “tradição, inspiração, revolução. A música tradicional nos Mandrágora não é um fim é apenas um meio; não é o resultado, é apenas o processo para uma nova visão da música tradicional; uma visão mais criativa, mais actual.” (1); como tudo continua a fazer sentido; ou mais sentido ainda, num caminho que os Mandrágora continuam a trilhar com toda a segurança e criatividade.
“A raiz que se plantou no início, agora se fez formoso arbusto… ” (1); a plantar magia desde 1999.

3 comentários:

Anónimo disse...

Espectacular esse som meio jazz, meio popular que ouvi na Boa Nova, julgo que de um tema que se chama Ode Louca, se ouvi bem! Vou encomendar já o vosso disco. Deviam colocar aqui na vossa página possibilidade de ouvirmos o disco ou pelo menos trechos das diversas faixas, pois no myspace só têm uma.
Vou ouvir a vossa entrevista na quinta mas já devo ter o cd nessa altura, ou ainda não está à venda?
João Menezes, Repeses, Viseu.

Unknown disse...

BOas João... o CD está à venda nas lojas hoje, portanto durante esta semana já metemos os temas on-line, e brigas pela força!

Anónimo disse...

Memo bom, o vosso som. Já leram o grande elogio que sobre vocês foi dito no blogue pensar-carrazeda?

joana, viseu