sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Mandrágora no Sons Vadios

Eis o que escreveu Sara Vidal acerca de "Mandrágora":

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Mandrágora
Mandrágora
Zounds/Sabotage, 2005

Há discos que vale a pena recordar, e escutar vezes sem conta, porque o tempo não os desactualiza ou descataloga, pelo contrário, amadurecem e ganham um sabor e côr especiais.

O primeiro disco dos Mandrágora, intitulado homonimamente, é desses trabalhos que vai fluindo ao longo dos anos, precisamente como uma raíz que vai explorando e apropriando-se de novos terrenos. Por isso, nele encontramos sonoridades tão díspares, na sua maioria instrumentais e de autoria própria, de intensa personalidade, ou não fossem resultado das experiências vivenciais dos membros da formação do Porto, que desde o ano 2000 foram recolhendo e assimilando histórias do imaginário popular e paisagens dum Portugal ancestral, envolto em mistério e misticismo.

É neste contexto que submergimos num mundo de magia, conjuros e feitiços, e quebramos o “Aranganho” numa encruzilhada perdida em Trás-os-Montes; visitamos o “Alto das Pedras Talhadas”, lugar megalítico perto de Évora associado ao culto da fertilidade; ou descobrimos os encantamentos de “Dona Chama”.

Entretanto, a mandrágora cresceu e as suas propriedades fecundantes e afrodisíacas semearam resultados, sendo este disco aclamado pela crítica especializada, tanto a nível nacional como internacional, acabando por ganhar o Premio Carlos Paredes em 2006. De facto, este é um disco inovador dentro do panorama da música portuguesa, uma vez que sabe conjugar de forma criativa e original os sons da tradição mais rústica com a estética musical mais progressiva e global, recorrendo, por exemplo, a instrumentos como o baixo eléctrico e a bateria.

Reza a lenda que a raíz da Mandrágora, que tem forma humana, deve ser arrancada da terra em noite de lua cheia e por uma corda atada a um cão preto, caso contrário ela gritaria até matar. O certo é que este disco é um grito de afirmação dum grupo que promete uma continuidade desejada, estando prevista a apresentação do segundo disco para Maio de 2008.

Sara Louraço Vidal
Alinhamento:
  1. vale de sapos
  2. alto das pedras talhas
  3. penas roias
  4. campanhã
  5. galandum
  6. o aranganho
  7. e pia o mocho
  8. trotamundos
  9. dona chama
  10. contra a noite
  11. agarez
  12. ir
  13. alraun
  14. trangalhadanças - alvorada de murracezes
Gravado na Quinta da Música no Outono e Inverno de 2003/4.
Som - Luís Carlos; Produção - Luís Carlos e Mandrágora; Fotografia - Nuno Horta; Design - Rui Garrido; Produção Executiva - Ana Paula Flores."

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